O Futuro das Arenas como ecossistema de negócios e comunidades | Movmt

O Futuro das Arenas como ecossistema de negócios e comunidades

Qual a sua memória ou o que vem na sua cabeça quando falamos sobre uma arena esportiva? Para a vasta maioria das pessoas, essa resposta tem um cunho afetivo: uma ida ao estádio do time do coração com o pai ou o avô, um grande show de um músico internacional, às vezes a felicidade de ter presenciado um momento histórico do esporte ou uma mistura disso tudo. 

 Mas para quem trabalha na indústria de eventos, essas respostas são, por vezes, mais complexas e profundas. As arenas fazem parte do nosso dia a dia; meu escritório nunca foi na praia, mas, por muitas vezes, foi em gramados, quadras, piscinas, sambódromos e por aí vai. 

 E quando falamos sobre esses equipamentos tão importantes na indústria, o presente do indicativo é o tempo verbal que acaba sendo o mais correto. As transformações nas arenas são constantes, e, claro, administradores que enxergam esses movimentos saem na frente nesse mercado altamente competitivo. 

 Há muito tempo as instalações esportivas deixaram de ser simples palcos para partidas ou shows e se tornaram centros integrados de cultura, lazer, tecnologia e negócios, funcionando todos os dias do ano em diversos modos de uso. Modelos internacionais, como o Tottenham Hotspur Stadium em Londres e o SoFi Stadium em Los Angeles, já operam com infraestrutura inteligente, reconhecimento facial, AR e IA. A lógica de múltiplos usos redefine o modelo de negócio. Arenas do tipo mixed use abrigam coworkings, áreas de alimentação, museus e centros de convenções, garantindo fluxo constante mesmo nos dias sem eventos. Isso cria oportunidades de receita em diferentes frentes e estimula a integração urbana, fazendo as arenas parte do dia a dia das pessoas e da cidade. 

 O modelo de negócio das arenas como plataformas também se fortalece. As arenas passaram de infraestrutura para ecossistemas, onde patrocinadores, desenvolvedores e operadores constroem parcerias constantes através de APIs e sistemas compartilhados. Esse formato abre espaço para inovação colaborativa, novas fontes de renda e engajamento estendido com a comunidade. 

 O cenário brasileiro mostra algumas tendências muito interessantes e particulares da nossa realidade. De um lado, temos a tradição de grandes clubes que movem corações em ritmos distintos de atualização de seus próprios espaços; federações esportivas bem organizadas, como a Federação Paulista de Futebol, por exemplo, buscando acelerar esses movimentos; do outro lado, temos clubes que se tornaram SAFs, buscando a modernização de seus espaços em busca da geração de novas fontes de receita. 

 Em alguns estados brasileiros, mas com muita força no estado de São Paulo, temos um outro movimento muito interessante, que é o surgimento das concessionárias que agora administram espaços antes geridos pelas prefeituras, destacando os parques do Ibirapuera, Villa-Lobos, complexo do Pacaembu e o Estádio Martins Pereira em São José dos Campos. Essas concessões geram debates acalorados sobre entidades privadas e poder público, mas, nesse debate, este que vos fala é 100% a favor desse modelo. Ele desonera as prefeituras e, ao mesmo tempo, melhora e moderniza esses espaços, melhorando em muito o nível de serviço e entrega ao cidadão. 

De modo geral, o que observamos é que o futuro das arenas e espaços esportivos exige visão estratégica. Não basta construir estruturas grandiosas. O verdadeiro valor está em conceber espaços vivos, relevantes para a comunidade e lucrativos para marcas e investidores. A sustentabilidade, a flexibilidade do uso, a tecnologia e o compromisso com a experiência do público passam a ser os pilares desse novo ecossistema de negócios. A jornada para transformar arenas em hubs híbridos está apenas começando, e, acredite, em um mundo cheio de IAs para tudo, espaços de encontro e conexões na Ágora (lembrando meus tempos de faculdade de arquitetura, rss) serão cada vez mais essenciais